Expandir um negócio é um momento de grande expectativa para qualquer empreendedor. Significa que a empresa está crescendo, que há mercado para conquistar e que os resultados estão sendo positivos. Mas, com a expansão, vêm também novas decisões estratégicas, e uma das mais importantes é: vale mais a pena abrir filial ou criar uma nova empresa?
Essa dúvida não é apenas administrativa ou jurídica, mas também tributária. Em um país com um complexo ambiente tributário como o Brasil, entender qual modelo oferece menos impostos pode representar uma economia significativa no longo prazo.
Neste artigo, vamos analisar as implicações fiscais de cada alternativa e refletir também sobre outros aspectos estratégicos que influenciam essa escolha. Se você está pensando em abrir uma nova unidade do seu negócio, este conteúdo vai te ajudar a fazer isso de forma mais segura e financeiramente inteligente.
De forma prática, ao abrir uma filial, você está apenas estendendo a operação da empresa já existente. Isso significa que a filial estará vinculada ao mesmo CNPJ da matriz. Já ao criar uma nova empresa, com outro CNPJ, você passa a ter duas pessoas jurídicas distintas, ainda que atuando sob o mesmo controle societário.
E é aí que a questão fiscal começa a fazer diferença.
Quando você abre uma filial, a tributação se mantém unificada, ou seja, todos os faturamentos da matriz e da filial se somam para fins de cálculo de impostos. Isso pode ser positivo ou negativo, dependendo do seu regime tributário atual.
Por exemplo, se sua empresa está no Simples Nacional, há faixas de faturamento que determinam as alíquotas de imposto. Ao somar o faturamento da filial com o da matriz, é possível que o negócio ultrapasse uma dessas faixas e passe a pagar mais imposto proporcionalmente.
Em alguns casos, isso pode até gerar exclusão do regime simplificado, obrigando a empresa a migrar para o Lucro Presumido ou Lucro Real, com tributação mais complexa e possivelmente mais onerosa.
Já ao abrir uma nova empresa com outro CNPJ, é possível que ela comece do zero na contagem de faturamento, podendo se enquadrar no Simples Nacional com alíquotas iniciais mais baixas. Nesse cenário, a separação pode gerar economia tributária significativa, especialmente em setores com margens apertadas e alta carga de impostos.
Do ponto de vista operacional e jurídico, abrir uma filial tende a ser mais simples. Você mantém um único CNPJ, um único contador, uma contabilidade consolidada, e facilita a gestão centralizada do negócio. Isso é vantajoso em termos de organização interna, padronização de processos, identidade da marca e controle financeiro.
No entanto, essa centralização também traz desvantagens. Como dissemos, o faturamento é unificado, o que pode exigir mudanças no regime tributário. Além disso, qualquer problema jurídico, fiscal ou trabalhista em uma filial pode impactar toda a empresa, já que ela faz parte da mesma personalidade jurídica da matriz.
Ao optar por abrir uma nova empresa, o empreendedor ganha mais liberdade para adaptar o modelo fiscal à realidade daquele novo negócio. É possível escolher um regime tributário diferente do da empresa original, estruturar um novo planejamento financeiro e, se for o caso, ter sócios diferentes.
Essa flexibilidade pode ser altamente vantajosa. Por exemplo: uma empresa de serviços que decide abrir um braço voltado à venda de produtos físicos. As atividades possuem naturezas distintas, com margens, custos e tributações diferentes. Abrir uma nova empresa permite que cada uma seja tributada da forma mais adequada, evitando pagar imposto além do necessário.
Além disso, problemas fiscais ou jurídicos em uma das empresas não contaminam automaticamente a outra, o que oferece mais segurança patrimonial ao empreendedor. É uma forma de isolar riscos e proteger a operação.
Por outro lado, manter duas ou mais empresas significa mais trabalho administrativo: contabilidades separadas, obrigações acessórias distintas, mais burocracia e custo com gestão. Para quem tem pouca estrutura, isso pode ser um peso a mais – embora, em muitos casos, o ganho fiscal compense esse esforço.
Embora a economia tributária seja um ponto central na decisão, ela não deve ser o único critério. É fundamental pensar também em questões estratégicas mais amplas, a partir dos objetivos que o gestor observa como primordiais para o negócio.
Abrir uma filial pode ser mais vantajoso quando o objetivo é fortalecer a identidade da marca, manter padronização operacional ou facilitar o controle central de um negócio que pretende crescer de forma homogênea. Nesse caso, a unidade nova será uma extensão da operação existente, o que faz sentido em modelos como franquias internas, redes de varejo e expansão geográfica com produtos e serviços idênticos.
Já abrir uma nova empresa faz mais sentido quando há diferenças significativas entre as operações, ou quando o empreendedor deseja atuar com mais flexibilidade em outra frente de mercado. Isso também é útil quando se pretende incluir novos sócios, atrair investimentos diferentes ou testar um novo modelo de negócio com riscos limitados.
Além disso, vale considerar a estrutura de gestão do empreendedor. Quem já tem dificuldade em administrar uma única empresa pode encontrar obstáculos ao manter duas operações separadas. Nesse caso, a simplicidade da filial pode ser preferível, mesmo com um possível custo tributário maior.
Não existe uma resposta única e definitiva sobre o que reduz mais os impostos: abrir uma filial ou uma nova empresa. Tudo vai depender do regime tributário atual, do faturamento, do setor de atuação, da estrutura do negócio e da estratégia de crescimento.
Em muitos casos, abrir uma nova empresa pode sim trazer economia tributária real, especialmente quando há possibilidade de aproveitar alíquotas iniciais do Simples Nacional ou regimes mais vantajosos. Mas isso também exige mais controle, mais organização e uma gestão financeira disciplinada.
Por outro lado, a filial oferece simplicidade operacional e coesão administrativa, o que pode ser valioso em negócios que prezam pela unidade e padronização.
O ideal é que essa decisão seja tomada com base em uma análise detalhada dos números, preferencialmente com o apoio de um contador ou consultor tributário, que consiga simular cenários e indicar o caminho mais vantajoso.
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