A importação de produtos pode ser uma excelente estratégia para aumentar a competitividade, diversificar o portfólio ou suprir demandas específicas do mercado interno. No entanto, muitas empresas se deparam com um obstáculo recorrente: a dificuldade de calcular com precisão os custos envolvidos nesse processo.
Sem essa clareza, as margens de lucro podem ser prejudicadas por tributos inesperados, encargos logísticos subestimados e variações cambiais não planejadas.
Calcular os custos de importação vai muito além de considerar apenas o valor da mercadoria. Trata-se de uma equação complexa que envolve taxas, impostos, frete, seguros, despesas alfandegárias e operacionais.
Neste artigo, vamos detalhar os principais elementos que compõem essa conta, com o objetivo de auxiliar gestores a tomar decisões mais conscientes, planejadas e lucrativas.
O ponto de partida para calcular os custos de importação é compreender os termos da negociação internacional, especialmente o Termo de Comércio Internacional (Incoterm) acordado, que define quem arca com os custos e quem assume os riscos em cada etapa da operação.
Dois dos termos mais comuns são o FOB (Free on Board) e o CIF (Cost, Insurance and Freight). Eles afetam diretamente a composição do preço e a base de cálculo dos tributos no Brasil.
No FOB, o fornecedor é responsável apenas por entregar a mercadoria a bordo do navio no porto de embarque. A partir desse ponto, o importador assume tanto os custos quanto os riscos do transporte, incluindo frete internacional, seguro, desembarque e demais etapas até o destino final.
Já no CIF, o vendedor paga pelo frete e pelo seguro até o porto de destino acordado. No entanto, e aqui está um ponto muitas vezes mal compreendido, o risco da mercadoria ainda é transferido para o comprador no momento em que ela é embarcada no navio, no país de origem.
Ou seja, o vendedor arca com os custos até o destino, mas não assume responsabilidade por perdas ou danos ocorridos durante o transporte. Ele apenas contrata um seguro (geralmente com cobertura mínima) em nome do comprador.
Essa distinção entre custos e risco é essencial para que o gestor saiba exatamente o que está comprando, e, principalmente, os riscos que está assumindo. Além disso, vale lembrar que no Brasil a base de cálculo para a maioria dos tributos incidentes na importação é o valor CIF: ou seja, o valor do produto (FOB) acrescido do frete e do seguro internacional.
Ao chegar no Brasil, a mercadoria é submetida a uma série de tributos. Esses impostos podem variar de acordo com a classificação fiscal do produto (NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul) e o país de origem, mas alguns tributos são comuns à maioria das operações:
II (Imposto de Importação) – incide diretamente sobre o valor aduaneiro (CIF). A alíquota varia conforme a NCM da mercadoria e pode ser verificada na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) – também calculado sobre o valor CIF acrescido do valor do II. É um imposto federal e incide principalmente sobre produtos industrializados.
PIS-Importação e COFINS-Importação – tributos federais calculados sobre o valor aduaneiro. As alíquotas-padrão são, respectivamente, 2,1% e 9,65%, mas podem variar dependendo do produto.
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) – tributo estadual e um dos mais complexos da cadeia de importação. Incide “por dentro”, ou seja, o próprio valor do imposto entra na sua base de cálculo. É comum que o ICMS, sozinho, seja responsável por um aumento de até 20% no custo final da mercadoria.
Taxa Siscomex e AFRMM – além dos tributos, existem outras despesas obrigatórias, como a Taxa Siscomex (para registro da Declaração de Importação) e o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), que incide sobre o frete marítimo.
Além dos tributos, é essencial considerar os custos logísticos e operacionais envolvidos na nacionalização do produto. Isso inclui:
Esses valores, apesar de parecerem secundários, podem pesar significativamente na conta final, especialmente em operações de menor volume, onde o custo fixo por unidade importada tende a ser mais elevado.
A chave para um bom planejamento de importação está na elaboração de uma planilha de custos completa, que permita simular diferentes cenários e prever o custo efetivo unitário do produto importado. Nessa planilha, o gestor deve incluir:
Outro ponto importante é considerar a variação cambial, já que a maioria dos contratos de importação é feita em dólar ou euro. Uma simples oscilação no câmbio pode alterar completamente a rentabilidade da operação. Por isso, muitas empresas utilizam instrumentos financeiros de hedge cambial para se proteger contra essas flutuações.
Calcular os custos de importação exige conhecimento técnico, atenção aos detalhes e planejamento estratégico. Não se trata apenas de somar valores, mas de compreender as variáveis envolvidas em cada etapa do processo, do fornecedor internacional ao cliente final.
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