Gestão de estoque no atacado: técnicas essenciais para reduzir perdas

O setor atacadista vive um excelente momento, sendo um dos motores dos números positivos registrados pela economia brasileira. Em 2023, essa modalidade comercial registrou um aumento de 10,9% em volume de vendas, segundo dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).

O segmento de alimentos e bebidas lidera o faturamento no atacado brasileiro, sendo um dos destaques para o crescimento do setor. Porém, para sustentar esse avanço, as empresas precisam investir em estratégias sólidas de controle de estoques. Esse processo é essencial para reduzir desperdícios, otimizar recursos e aumentar a lucratividade.

No artigo de hoje, vamos detalhar a importância dessa prática, os desafios mais comuns e as melhores técnicas para garantir uma gestão eficiente no comércio atacadista.

O que é o controle de estoque no atacado?

O controle de estoque é uma prática gerencial que monitora e organiza os produtos ou matérias-primas armazenados em um negócio. Para o comércio atacadista, ele garante o equilíbrio entre oferta e demanda, evitando rupturas ou excessos que prejudiquem a operação.

Esse processo envolve o registro detalhado de informações como a quantidade de itens disponíveis, datas de entrada e saída dos produtos, fornecedores e custos de aquisição, e validade dos itens estocados.

Esses dados auxiliam na tomada de decisões estratégicas, como a previsão de compras, o uso eficiente do espaço físico e o planejamento de preços competitivos.

Por que o controle de estoque é crucial no atacado?

O controle de estoque é uma peça fundamental para o sucesso das empresas do setor atacadista, pois está diretamente relacionado à eficiência operacional e à saúde financeira do negócio.

Com uma gestão eficiente, é possível garantir que os produtos estejam sempre disponíveis para atender à demanda dos clientes, evitando rupturas que podem comprometer vendas ou prejudicar a reputação da empresa. Ao mesmo tempo, o controle evita excessos que resultam em custos desnecessários com armazenamento e risco de perda de produtos por vencimento ou obsolescência.

Além disso, um controle bem estruturado ajuda a otimizar os processos logísticos, reduzindo o tempo e os custos envolvidos na movimentação e distribuição dos itens. Ele também permite a análise detalhada do giro de mercadorias, auxiliando na identificação de padrões de consumo, sazonalidades e oportunidades de melhoria no planejamento de compras.

Com um estoque bem administrado, a empresa consegue operar com mais previsibilidade, tomar decisões estratégicas embasadas em dados confiáveis e responder rapidamente às flutuações do mercado, o que é essencial para manter sua competitividade e garantir margens de lucro consistentes.

Práticas recomendadas para um controle de estoque eficaz

Adote um software de gestão

Automatizar o controle de estoques é essencial para empresas atacadistas. Um sistema de gestão ajuda a monitorar entradas e saídas em tempo real, prever demandas futuras e reduzir erros humanos. Além disso, permite análises detalhadas que embasam decisões estratégicas.

Bling, Tiny e Omie são alguns exemplos de softwares para gestão de estoque disponíveis no mercado.

Realize inventários regulares

A realização de inventários regulares é essencial para garantir a precisão e a eficiência na gestão de estoques no atacado, funcionando como uma ferramenta indispensável para manter o controle sobre os produtos armazenados. Essa prática permite identificar discrepâncias, como perdas, furtos ou erros de registro, e tomar ações corretivas de forma ágil.

Dessa forma, o gestor alcança uma visão realista do estoque, essencial para evitar tanto excessos quanto faltas. Sobra de produtos representa custos desnecessários de armazenagem, além do risco de obsolescência ou vencimento, enquanto a falta de itens pode gerar rupturas no atendimento e perdas de vendas.

Os inventários regulares também oferecem informações valiosas para o planejamento de compras e a análise de giro de estoque, auxiliando na identificação de produtos com maior ou menor demanda. Isso permite ajustes estratégicos que otimizam o uso do espaço de armazenamento e melhoram o fluxo de caixa, uma vez que os recursos são alocados com mais eficiência.

Além disso, em setores como o atacadista, onde a diversidade e o volume de mercadorias são altos, manter um inventário atualizado é crucial para garantir que os processos de logística e distribuição atendam às necessidades do mercado de forma precisa e dentro dos prazos. Essa prática também contribui para atender auditorias internas e externas, demonstrando o compromisso da empresa com a transparência e a boa gestão.

Analise os dados de vendas

Dados de vendas são aliados poderosos na gestão de estoques. Identifique produtos de maior saída, padrões sazonais e períodos de alta demanda. Esses insights ajudam a ajustar o estoque e evitar prejuízos por compras excessivas ou falta de itens estratégicos.

Faça revisões periódicas do desempenho

A gestão de estoques não é estática. É essencial avaliar continuamente métricas importantes, como:

• Giro de estoque: monitore a frequência com que os produtos são vendidos e repostos.
• Sazonalidade: ajuste o estoque de acordo com flutuações de demanda em períodos específicos, como o natal, a semana santa ou o período de carnaval, entre outras datas tradicionais.
• Custos de armazenamento: busque oportunidades para reduzir despesas desnecessárias.

Utilize a Curva ABC

Um controle de estoque eficiente permite ao gestor avaliar o giro das mercadorias e aprimorar o processo de compras, reduzindo a pressão sobre o capital de giro da empresa. Além disso, essa prática possibilita a utilização da ferramenta conhecida como Curva ABC, que parte do princípio de que, em muitos casos, 80% dos resultados são influenciados por apenas 20% dos fatores.

Na prática, os produtos são organizados em três categorias:

• Classe A: Itens de maior impacto financeiro ou estratégico, que geralmente representam uma pequena parcela do estoque (cerca de 20%) mas correspondem a até 80% do valor total das vendas ou receitas. Esses produtos exigem um controle rigoroso, com acompanhamento constante e planejamento minucioso para evitar faltas ou excessos.
• Classe B: Produtos intermediários, que representam uma proporção moderada tanto em quantidade quanto em valor, exigindo um nível equilibrado de atenção e controle.
• Classe C: Itens de menor impacto no faturamento ou lucro, mas que geralmente constituem a maior parte do estoque em volume. Embora menos críticos, também devem ser gerenciados para evitar acúmulo desnecessário e custos adicionais de armazenagem.

A aplicação da Curva ABC na gestão de estoques no atacado traz inúmeros benefícios. Primeiro, ela permite que os recursos sejam direcionados de forma eficiente, priorizando os itens que geram maior retorno financeiro ou que são estratégicos para o atendimento ao cliente. Além disso, essa classificação facilita o planejamento de compras, evitando investimentos desnecessários em produtos de baixa relevância e garantindo que os itens prioritários estejam sempre disponíveis.

Outro aspecto importante é que a Curva ABC apoia a análise do giro de estoque, ajudando a identificar produtos que estão parados e que podem se tornar um problema financeiro, além de revelar oportunidades para melhorar o fluxo de mercadorias e otimizar o espaço de armazenagem.

Essas são algumas técnicas amplamente utilizadas no setor atacadista para gerenciar os estoque de forma eficaz. Implemente essas práticas e transforme o conceito do estoque, de um desafio operacional para um diferencial estratégico para o seu negócio.